A origem

A história da Araújo & Sobrinho está assumida e marcadamente presente em todo o edifício do Porto A.S. 1829 Hotel. Cada piso transporta-nos para uma viagem no tempo, a mesma viagem iniciada pela família há quase 200 anos, que tendo começado pela venda de papel importados de Inglaterra, depressa evoluiu para oficinas próprias de tipografia, encadernação e carpintaria. Esta evolução, que culmina com a conquista de representações exclusivas de grandes marcas internacionais, nomeadamente de máquinas de escrever e outros equipamentos de escritório, é sugerida ao visitante do Hotel através da exposição de uma coleção de mobiliário e objetos pertencentes ao espólio da Papelaria, agora dignificado, valorizado e eternizado neste belíssimo hotel temático.

A história piso por piso

PISO 0

Ao entrar no Hotel, a dimensão de encantamento prossegue ao encontrar neste piso o iniciar da história da Araújo & Sobrinho. A receção mantém mobiliário original do espólio, à sua direita depara-se com o que é hoje a Papelaria Aráujo & Sobrinho, com a exposição de alguns objetos do espólio no móvel do cavalinho. Ainda na Papelaria, após as portas envidraçadas encontrará a estátua de Santa Catarina das Flores que permitirá contextualizar a Araújo & Sobrinho no que respeita à sua localização privilegiada naquela que era a zona comercial por excelência do Porto.

À sua esquerda, encontra-se o Restaurante Galeria do Largo, outrora Galeria de Arte, mesmo que num registo temporal bastante limitado, dado que muitas vezes os artistas entregavam os seus quadros em troca de produtos que adquiriam na Papelaria e esta expunha-os para venda. É aqui que a dimensão genealógica e histórica da família está patente na exposição dos quadros das diferentes gerações da família: estes quadros são obras de artistas notáveis da cidade do Porto, como Sousa Pinto ou António Carneiro, que frequentavam a Papelaria para adquirir os seus materiais de pintura.

Piso 1 ao 4

Do primeiro ao quarto piso, temos as alas privadas do Hotel, onde estão localizados os quartos. Em cada piso vive-se e experiencia-se através do espólio da Araújo & Sobrinho (mobiliário, quadros, peças várias) as várias fases da Papelaria, que se podem demarcar a nível temporal.

O primeiro piso [1829 até 1920] introduz-nos na história da casa Araújo & Sobrinho com a apresentação do seu símbolo – o cavalo-marinho, que se mantém presente no logótipo especialmente desenvolvido para o Porto A.S. 1829 Hotel. Neste primeiro piso, o visitante tem o primeiro contacto com aquelas que são as primeiras imagens do interior e exterior da Papelaria e dos seus fundadores. São, ainda, apresentados alguns postais originais da Araújo & Sobrinho que remetem para outros pontos turísticos e de interesse da cidade do Porto, como os Clérigos ou o Palácio da Bolsa.

O segundo piso [1920 a 1935] está marcado pela ampliação das instalações com a abertura de oficinas próprias de tipografia, trabalhos em relevo, encadernação e carpintaria. Aqui encontramos fotografias do interior da loja e das instalações de carpintaria e tipografia, imagens de tipografias e inclusive exemplos de móveis miniatura que eram transportados pelos comerciais da A.S. em malotes até às firmas para que os clientes pudessem fazer as suas encomendas e também várias publicidades ilustrativas da época. Está ainda presente neste piso imagens das principais marcas de canetas comercializadas na Araújo e Sobrinho (Conklin’s, Waterman, Pelikan) e dos singulares “Concertos de Canetas”.

Com um crescimento extraordinário, o passo seguinte [1935 a 1945] foi a aquisição de equipamento, nomeadamente de máquinas de escrever e outros equipamentos de escritório, como a Hèrmes Baby, a Pátria e a Underwood, alguns exemplares encontram-se dispostos no terceiro piso, devidamente contextualizadas com publicidade original da época. Este período áureo de abertura de novas filiais é registado através de fotografias da filial dos Clérigos e das famosas montras da “Guerra das Canetas” da marca Eversharp.

O quarto e último piso [1950-1974] transporta-nos novamente para a área da papelaria, num período particular do 25 de Abril, sendo possível encontrar um conjunto de materiais escolares e de anúncios da A.S. tendo em vista o regresso às aulas, que têm referências aos valores do Estado Novo, como por exemplo, os cadernos da Mocidade Portuguesa, e por um exemplar original do jornal de 25 de Abril de 1974, presente num dos quartos deste piso, que permite fazer a ponte com a história dos funcionários da A.S. que movidos pelos valores da revolução se concentraram em frente à Papelaria para evitar a sua nacionalização e ainda outros materiais de papelaria e de pintura.